terça-feira, 2 de junho de 2009

Experimentei um novo desporto...

Qual o nome do desporto? Na falta de melhor, eu chamo-lhe andar, feito estúpido, em cima de uma cinta presa entre duas árvores.

Ficam as fotos para perceberem o funcionamento (este senhor é profissional da coisa e pratica o desporto em condições muito adversas):





Antes de ter tentado isto, pensei, como bom português: “Isto é muito fácil!”.
Os problemas vieram quando me convidaram para experimentar… Ainda pensei dizer que tinha vertigens ou que tinha comido feijoada ao almoço e não me estava a sentir bem. Mas não tive saída porque não sei dizer vertigens, nem feijoada, em alemão. Não correu bem e mais não digo…

Hoje, depois de tentar mais um par de vezes, já aguento uns ridículos 15 segundos em cima da cinta e consigo dar uns dois passos. Lá para o ano 2032 publicarei fotos minhas a atravessar aquele rio… Aguardem!

Para quem se quiser iniciar, fica uma lista de itens necessários para a prática do andar, feito estúpido, em cima de uma cinta presa entre duas árvores:

1. Duas árvores ou qualquer outro sucedâneo;
2. Uma cinta;
3. Esticadores para a cinta;
4. Não ter mais nada de útil para fazer num domingo à tarde;
5. Ter seguro de saúde;
6. Não ter vergonha de fazer figuras absolutamente ridículas;
7. Os mais aventureiros podem, ainda, fazer como os nativos alemães e praticar uma variante mais difícil deste desporto: andar bêbado, feito estúpido, em cima de uma cinta presa a duas árvores. Para o efeito, e seguindo a receita original, bastará uma grade da melhor cerveja de Munique, a Augustiner Helles;
8. O rio é facultativo.

Desejo-vos muito boa sorte…

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um post meio a sério, meio a brincar... e um desafio!

Hoje vou escrever sobre contrato com eficácia de protecção para terceiros (Vertrag mit Schutzwirkung für Dritte). Não parem já de ler, peço-vos… não cliquem na cruzinha do vosso browser, por favor!

Descansem meus Amigos, não vos vou maçar muito com “juridiquês”, apenas o necessário para narrar uma insólita e interessantíssima decisão do Supremo Tribunal Alemão, BGH, lançar-vos um desafio e, por fim, deixar, se me permitem, um conselho, em especial aos meus Amigos do sexo masculino que visitem a Alemanha… Um espécie de “Os conselhos que vos deixo”, algures entre o António Aleixo e o Bruno Aleixo!

O caso é o seguinte:

Uma mulher dirigiu-se a um ginecologista com o intuito de encontrar um meio contraceptivo eficaz, tendo o médico prescrito a utilização do “Implanon” (para os mais curiosos, mais informações à cerca do funcionamento do referido método em http://www.implanon.com/). Retenham este ponto importante para o desfecho da história: o médico e a paciente celebraram um contrato, o médico obrigou-se a prescrever um método contraceptivo eficaz para aquela paciente em concreto e, em contrapartida, a mesma pagou a consulta.

Azar dos Távoras: engravidou de um homem com quem não era casada, com quem não vivia em união de facto, de quem também não estava noiva, de quem não era namorada e com quem tinha apenas um caso.

Informado da contingência, o homem lá assumiu a paternidade da criança… No entanto, uma vez que não era casado nem unido de facto com a mãe da criança, foi, naturalmente, obrigado a pagar uma pensão de alimentos para sustento da criança. Até aqui, tudo normal, nada de extraordinário. Isto poderia bem acontecer em Portugal…

Em face do exposto, o pai decidiu processar o médico, pedindo ao Tribunal que condenasse o mesmo a indemnizar os danos que este lhe provocou. É fácil intuir quais os danos, nada mais, nada menos, do que o valor da pensões a que o pai ficou obrigado a pagar para sustento do filho.

Repare-se, em termos económicos, a racionalidade da decisão do pai: fez a criança, a guarda ficou entregue à mãe e médico que sustente a criança! Ou seja, dorme sempre descansado, ora porque não acorda com o filho a chorar, ora porque não te de se preocupar em pagar as pensões! No mínimo, inteligente…

O Tribunal condenou o médico a pagar uma indemnização ao pai, uma vez que deu como provado que violou as legis artis, isto é, que tinha actuado negligentemente na implantação do “Implanon” na paciente.

Devem estar a perguntar como isto é possível, uma vez que o contrato foi celebrado entre a mãe e o médico, sendo o pai um terceiro. Será um terceiro como qualquer um dos meus Amigos do sexo masculino? Não, por uma razão crua e simples: os meus ilustres Amigos, que eu tenha conhecimento, não dormiam com a mãe da criança! Mas só nesse ponto é que ele é diferente, porque de resto, nem ele, nem vocês, nem eu, nem mais ninguém no mundo é parte no contrato celebrado entre o médico e a paciente.

Juridicamente, e simplificando muito as coisas, o contrato celebrado entre o médico e a mãe da criança envolvia a protecção dos interesses do parceiro da mesma, embora este, formalmente, não fosse parte no contrato. Isto acontece porque a prestação do médico pode, potencialmente, contender não apenas com os interesses da paciente, mas também com os interesses dos terceiros que com ela mantêm relações sexuais, a isto se chama proximidade com a prestação (Leistungsnähe). Este terceiro tem ainda de ter também uma posição próxima à da parte do contrato, no caso a mãe, e haver interesse desta na sua protecção, o que no caso é claro (Gläubigernähe). Mais próximo da mãe da criança não sei se será possível… Resta um último requisito, que é o médico poder reconhecer a existência dos dois requisitos anteriores (Erkennbarkeit), isto é, da existência de terceiros face aos quais poderá a vir ter de responder pelos danos causados. Verificados todos estes requisitos, o tribunal teve de dar razão ao “pobre” pai…

Deixando para trás este "juridiquês", mais interessante era o caso de a criança ter sido produto de uma vulgarmente apelidada one night stand, ou, nas palavras do BGH, uma “relação não fixa de curto prazo” (ungefestigten kurzfristigen Partnerschaften), ou seja, uma fórmula elegante e distinta para evitar o uso da tradicional expressão anglo-saxónica... Será que, neste caso, o médico estaria obrigado a indemnizar? O problema é o seguinte: no momento em que a mulher vai à consulta, como envolver na protecção desse contrato os interesses de alguém com quem a dita não tinha qualquer relação e, muito possivelmente, nem sequer conhecia! Será este realmente um problema ou um argumento válido para negar, nesses casos, a responsabilidade do médico? Poderia o médico prever a existência de um futuro parceiro?

Lanço um desafio, um teste à sensibilidade jurídica dos meus Amigos, em especial à dos não juristas, ou à dos juristas que nunca tenham ouvido falar do contrato com eficácia de protecção para terceiros, o mesmo é dizer daqueles não formados pela Católica! Nos comentários que enviarem a este post, se enviarem, pedia que me dissessem qual deveria ser, na Vossa ilustre e douta opinião, a solução no caso de um simples one night stand. Deverá o médico, como no caso que vos referi, pagar ou não? Num próximo post recolherei as opiniões enviadas, as jurídicas, as não jurídicas, as mais ou menos jurídicas, as baseadas no bom senso ou na pura parvoíce, as quais analisarei e comentarei!

Por fim, o conselho que vos deixo:

A Alemanha é uma terra cheia de oportunidades… e de negócio!

Beijos e abraços do sítio de sempre,


quinta-feira, 21 de maio de 2009

De volta a casa...

Estou de volta!

Não vale a pena especular as razões deste meu afastamento da “vida pública”; eu próprio as aponto! Além de “afazeres” vários que ao caso não são chamados, fui a Portugal e vi o Vital a ser injuriado…

Mas devo ter sido o único, porque todos os jornalistas diziam que o homem tinha sido “agredido” e, acredito bem, que na TVI tenham dito que ele foi “barbaramente espancado”! Depois disto, pensei para comigo: “com episódios como este e o do Lopes da Mota, com o Ministro Manuel Pinho e a Manuela Moura Guedes, entre outros cromos da vida pública portuguesa, ninguém vai prestar atenção a qualquer coisa que escreva sobre a minha vida na Alemanha. Para além disso, devo estar com algum problema de análise da realidade ou então já não sei o significado da palavra “agressão”! Estou doente, será gripe suína?”.

Consciente da patologia, decidi, pelo sim pelo não, entrar numa fase solipsista, uma quarentena, não fosse eu propagar a doença que me afectava! Se a explicação da minha ausência não vos convence, arranjem uma melhor ou façam o favor de ler entre as linhas…

Curado, decidi voltar a esta ágora, ao sítio de sempre, a Hohenzollernplatz



Um brevíssimo apontamento! Não resisto a falar do episódio Lopes da Mota porque já me tinha esquecido do sabor deste tipo de paródias nacionais. Gostaria, se me permitem, de citar a Ana Gomes, desculpem, a Dra. Ana Gomes, no causa-nossa.blogspot.com: “conheço Lopes da Mota desde os bancos da Faculdade e tenho dele a melhor impressão pessoal e profissional.”. Obrigado Dra. Ana, com esta declaração abonatória acabaste com qualquer réstia de dúvida que ainda existisse no meu espírito quanto à inocência do dito.

Até já…

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Maroto

Imagem um bar com uma decoração kitsch q.b., no qual se vendem salgadinhos, onde a cerveja é Superbock e o vinho é vendido a copo, directamente de um garrafão, e onde passa música dos X-Wife e dos Vicious Five…

Podia ser um bar em Leiria… Podia, mas não é! Em Leiria um bar deste calibre vende Sagres, médias e minis! Jamais Superbock!

Podia ser um bar em Évora, terra natal do meu amigo Barona, mas também não é… É fácil perceber o porquê! A música dos X-Wife e dos Vicious Five ainda não chegou ao Alentejo, o que se compreende se pensarmos que estes nomes, em Alentejano, são praticamente impossíveis de pronunciar!

O Cruz deve estar a pensar: “este gajo veio a Lisboa e foi ao Senhor Jaime (Ginjinha das Gáveas) beber uma e não me disse nada!”. Também não é verdade… Nuno: no Senhor Jaime a decoração não chega, sequer, a ser kitsch, é indescritível e não subsumível a qualquer qualificação! É aquela conjugação da foto aérea da “casa lá da terra” com umas aguarelas com uns cavalos… Já para não falar do mobiliário, do chão, do balcão, etc. …

A verdade é esta: é um bar em Munique chamado Maroto!


Pedia a vossa atenção para o símbolo do bar… Nada mais, nada menos, do que aquele ícone da cultura popular portuguesa: o menino a chorar… Comparável com este, só uma Nossa Senhora de Fátima!

Pois bem, tomem lá com a Santa! Ela é a padroeira do bar! Está colocada numa posição em que “olha” por todos os frequentadores do bar…




Confesso que me sinto muito mais protegido sabendo que tenho uma entidade desta importância a “olhar” por mim…

Do local onde a Santa se encontra, é possível ver a Speisekarte do Bar, onde é possível descortinar a existência de coisas tão interessantes como:


Recomendo vivamente o "Senhor Tó"...
Chamava a atenção que "Gegen den Hunger gibt's immer frisch Salgados", o que significa: "Contra a fome há sempre salgados frescos".


Da restante iconografia portuguesa que decora o bar, destaco: o referido garrafão,


Alguns cromos de elementos da selecção nacional e dois galhardetes de uns quaisquer insignificantes clubes de bairro,


Bem como este objecto furtado a uma qualquer corporação de Bombeiros,


E ainda este pormenor: uma bebida chamada Castelo de Silves… Coisa que desconhecia, quer a bebida, quer a existência de um castelo em Silves...

O que a Santa não vê, e ainda bem, é a decoração da casa de banho dos homens!

Passo a explicar: a casa de banho dos homens contem um curso básico de português, que eu apelidaria de curso de sobrevivência. Isto é, qualquer alemão que frequente este curso não morre em Portugal! Vejamos:

O curso começa pela palavra “cagatório”. Conhecendo esta palavra, é garantido que qualquer turista alemão cumprirá as suas necessidades básicas no local apropriado para o efeito!

Segue-se a palavra “sol”. Sabendo esta palavra, qualquer turista alemão chega à praia, o que me parece bastante relevante dado que é das poucas coisas boas que Portugal tem para oferecer, ao lado das borbolotas e, segundo o autor deste curso, Portugal também deve oferecer o que está no canto superior direito da foto...


Daqui para a frente, não me responsabilizo pelo conteúdo das fotos, não farei grandes comentários e, confesso, censurei muita coisa e cortei mesmo algumas fotos…

Aprendendo a palavra “porco” é possível não morrer à fome em Portugal, bem visto! Sobre o que está por cima do porco… Se ela gosta, ou não, o problema é só dela! Pelo menos não ficam dúvidas sobre o significado da palavra fumar... ou será que ficam...


É possível que o alemão também não morra de frio, porque vai ficar a conhecer a palavra “cachecole”… Poderão, no entanto, existir alguns problemas com a correcta utilização da palavra “cadeira”… "Os oculos" também é uma coisa que dá sempre jeito...




Depois, entre outras devidamente censuradas por este vosso Amigo, existe esta lição de “bom português” que ensina ao alemão que:



Depois das fotos, pedi mais uma Super, tirei uma foto com a “nossa bandeira”,


e sentei-me ao balcão a imaginar o "bom português" que se poderá aprender na casa de banho das mulheres…



"Um abraço deste que tanto vos quer!"

sábado, 18 de abril de 2009

Uma análise sistemática das "moças" de Munique em fascículos coleccionáveis!

Proponho-me iniciar, aqui no blog, um projecto editorial inédito: uma análise sistemática, em fascículos coleccionáveis, das “moças” de Munique. Um guia!

A razão desta iniciativa é por demais óbvia: responder à pergunta mais recorrente dos meus Amigos: “Como é que são as gajas por aí?” ou, na sua versão mais sintética, “e a gajas?”.

A análise epistemológica que proponho às Frauen de Munique será realizada segundo um critério urbanístico. Passo a explicar: vou empreender uma análise da fauna que habita cada bairro ou zona da cidade, tentando captar os seus principais traços estéticos, os seus hábitos, o seu modus vivendi e a sua relação com os restantes habitantes do ecossistema…

Publicaremos os fascículos à medida que formos realizando as “saídas para o campo”. Neste momento, encontra-se no prelo a publicação dos fascículos relativos a duas dessas saídas, pelo que, nos próximos dias, estarão disponíveis.

Porque isto é um blog sério, usaremos apenas uma das três formas de conhecimento possíveis, isto é, usaremos o conhecimento preposicional (conhecimento, que); o conhecimento prático (conhecimento, como) e o conhecimento fenomenológico (conhecimento, como alguma coisa é) terão, por razões óbvias, de ficar de fora... As nossas desculpas! Reparem como este parágrafo prova que, afinal, é possível falar sobre este assunto de uma forma erudita…

Qual guia Michelin, o meu guia também terá um sistema de avaliação dos locais visitados. O sistema terá por base a Heidi Klum:
Uma Heidi Klum, inteirinha, significa: Se isto não é paraíso, então está perto…

Meia Heidi Klum significa: Um hot spot! No entanto, esta classificação tem uma pequena subtileza, conforme seja atribuída a parte de cima, ou a parte de baixo da dita…




Um quarto da dita senhora significa: zona com algum potencial…




Os pés da Heidi Klum significa: Sofrível.



O Seal significa: Mau! Podendo ainda, quando conjugado com outra classificação anterior, significar “Zona povoada por Gays! Vorsicht!”

Resta-me advertir que não tenho dom do Chico Buarque para falar sobre mulheres, mas farei o meu melhor…



quinta-feira, 9 de abril de 2009

Uma Mensagem...

Uma “curtíssima-metragem” da minha autoria, uma pérola do neo-realismo!

A acção decorre na varanda da minha casa, a qualidade da imagem é má, o actor principal é péssimo, o guarda-roupa é fraquinho, mas a intenção foi boa…

O vídeo que se segue, da exclusiva (ir)responsabilidade deste vosso Amigo, reduzirá o Nanni Moretti à sua insignificância cinematográfica e fará o Luchino Visconti andar as voltas na campa…

O Tendinha já comentou: “Esta curtíssima reflecte, de forma crua e cortante, o que uma tese de doutoramento pode fazer a um homem.”.

Ficha Técnica:

Actor principal e único: Fernando Sá
Realização: Fernando Sá
Argumento: Fernando Sá
Som: Fernando Sá
Produção: Fernando Sá, Produções, Lda.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Comunicado da Gerência

A Gerência do Hohenzollnerplatz, confrontada com os mais diversos e torpes rumores acerca da prolongada ausência de novos posts neste blog, entende como necessários os seguintes esclarecimentos:
1. O Autor do blog não morreu, como facilmente se comprova pela imagem infra, retirada, hoje, no seu gabinete na Faculdade de Direito de Munique.

2. A imagem supra comprova, também, que, contra a alguns rumores que circulavam, o Autor não se deslocou, nem ao Brasil, nem ao Magrebe, para uma qualquer radical operação plástica, coisa que, pensamos, levaria mais algum tempo…

3. O Autor não foi internado em nenhum hospital psiquiátrico, nem foi observado por qualquer junta médica da mesma classe;

4. O Autor não pretendeu criar qualquer mise-en-scène em torno do seu desaparecimento para, agora, reaparecer como um D. Sebastião.

5. O blog retomará o seu normal funcionamento, estando assegurados os habituais níveis de parvoíce que o caracterizam.

Por último, e para afastar qualquer outro rumor que possa ainda subsistir, a Gerência esclarece que o blog esteve encerrado para balanço e descanso do pessoal.

O sócio-gerente,


Fernando Sá