terça-feira, 24 de março de 2009

A EMEL de Munique...

Uma multa de estacionamento! Já cá faltava…

A história é muito fácil de resumir. Acabadinho de chegar a Munique, estacionei o carro em frente à porta de casa e, quando voltei, tinha isto:

Até aqui nada de novo… Isto acontece todos os dias em Lisboa. Aqueles senhores de farda verde, cuja autoria, à avaliar pela qualidade estética que encerram, só pode ser atribuída à Fátima Lopes, fazem exactamente o mesmo.

O benévolo leitor deve, neste momento, estar a pensar: “Será que o estúpido não viu os parquímetros?”.

Meus Amigos: vi os parquímetros e até vi esta placa:



Mas, como bom português que sou, ignorei! Qualquer bom português ignora um sinal de “proibição de estacionamento” sempre que, cumulativamente, estejam preenchidos os seguintes requisitos: o sinal não permitir a manobra de estacionamento que pretendemos fazer e, segundo e mais importante, sempre que o sinal em concreto, naquele local, seja uma estupidez, o que acontece sempre que o sinal não permite a manobra de estacionamento que pretendemos fazer…


A malta que ande a tirar carta condução não pode levar a sério o parágrafo anterior antes da realização dos respectivos exames de código e condução. Desta forma, declinamos toda e qualquer responsabilidade se, porventura, o insucesso nesses exames se ficar a dever à má interpretação deste sinal em concreto.


Mas agora é que vem a parte metafísica da coisa… Esta multa deixou-me feliz!


Fui multado com estilo e glamour! Apanhei uma multa que vinha dentro de um saquinho plástico! Ora vejam:

Confesso que esperava que o saco estivesse hermeticamente fechado e, quem sabe até, pasteurizado… Mas vá… Aceita-se!

Mas fiquei ainda mais feliz porque tive um (a palavra que se segue é para ser lida com sotaque brasileiro) gostinho de Portugal: o prazer de, conscientemente, infringir uma regra! Reparem como a frase soa bem melhor…

Mas a felicidade rapidamente se esboroou quando pensei que, nos restantes nove meses da minha estadia, o cenário da multa se ia tornar quotidiano... Olhei para os carros em volta e vi que todos tinham um dístico de estacionamento! Pensei logo algo que não posso escrever, mas que na sua versão Vitinho, um sucedâneo light e também apropriado para menores, é qualquer coisa do género: “Estou bem arranjado!”. Se as coisas fossem como em Lisboa, teria de me dirigir à EMEL, preencher 23 formulários, entregar 12 fotos tipo passe, bem como mudar o cartão de eleitor, o número de contribuinte, o cartão do clube vídeo e mais uns quantos outros para a minha zona de residência em Lisboa. Pode ser que lá para Fevereiro de 2011 a coisa se resolvesse…

Minhas Senhoras e meus Senhores, o meu dístico de residente:

Preenchi um formulário com o nome e duas cruzes. Et voilà, o dístico, perdoe-se-me o plebeísmo, “já cá canta” (este et voilà é para a “malta” não se queixar que aqui só se escreve em alemão)!

O Simplex deveria ser isto, simplificar a vida às pessoas e não complicar a vidas aos velhinhos que não têm internet… Sócrates, se me lês, dá um pulinho a Munique, trás um Magalhães e a Leitão Marques, o cérebro por de trás do “teu” programa Simplex, e tentem, por favor, perceber que a simplificação de procedimentos não é só preencher formulários na internet! Consta que antes de haver internet já havia desburocratização e simplificação de procedimentos…

Já agora, um pedido: não tentes vender o Magalhães a ninguém, os Portugueses por cá já não são muito bem vistos, imagina se os alemães descobrem que a “tua” grande e inovadora medida que vai pôr os meninos da primária a escrever, decorar a tabuada e a fazer contas é o Magalhães! Temeria represálias e a expulsão do Instituto onde estou! Isto é terra de gente séria…

E mais, não dês a desculpa que não falas alemão... Por cá toda a gente fala Inglês Técnico!


11 comentários:

  1. está óptimo Sá :)! Willkommen in Deutschland. Quando comecei a ler ia sugerir-te precisamente que fizesses o teu Bewohnerausweis. Pelos vistos já tiveste quem te orientasse ;). Beijocas! Bis bald!

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  2. Esse processo é muito simples!

    Não fales muito no Magalhães... a não ser, que queiras vender uma máquina para engomar gravadas.

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  4. Cuidado! Não vá haver um link para o SIS!
    Ainda acabas deportado! ;-)
    Beijinhos e mais beijinhos querido amigo

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  5. Aposto que eles não multavam ninguém desde de o Mundial de 2008.

    Teve que aparecer um "Tuga" para eles terem trabalho. Boa Fernando.

    P.S - Cuidado com as gracinhas ao Magalhães! Não te esqueças do carnaval de Torres. Ainda te retiram o blog da net.

    Abraço,

    NC

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Ao colher as últimas de Munique,verifico,sem espanto,que o "mestre"não perdeu tempo a "borrar a escrita".
    Entretanto,a novela,merece-me os seguintes comentários:
    a)"Zone",na Croácia,como é sabido,tem outra "designação",mais apimentada.
    b)Por outro lado,não sabia,que em Munique,para ter acesso ao cartão de residente,era necessário pagar 15 euro.
    c)Neste canto "sui-generis",os requisitos são mais "complex",mas creio que não se paga!!!!!
    d)Quanto ao dístico,é pena ser verde!!!!!
    Abraço
    Rui Gomes

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  8. És mesmo tanso!!!

    Então não arranjas maneira de scannar um distico desses e meter no teu carro...

    Tantos anos de convívio com tugas e não aprendestes nada!

    É triste caro Fernando!

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  9. Na tua qualidade de estudante "a direito" ,tens que me explicar como é que chegas a Munique alugas uma casa, e por contrapartida de uma multa tens imediatamente direito a um lugar de estacionamento em frente da residência.
    Envia-me essa legislação para eu enviar ao António Costa que não sabe onde arrumar os carros em Lisboa.

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  10. DUHHHHHHHHH

    Caríssimo, espetava mais de ti! Toda as pessoas sabem que pedir um dístico de residente é a 2ª coisa a fazer quando se chega a Munique!!! A 1ª, é claro, é beber umas cerveginhas bem geladas.

    Grande abraço,

    Cami

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  11. Dr. Edu. gostei do que li, lembro-lhe que Portugal necessita de homens c/valor, a sua geração terá a responsabilidade de alterar os maus caminhos por onde Portugal esta a ser levado, contamos com isso.
    Um abraço jmata

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